quarta-feira, março 13 2024

[Crítica SEM spoilers] Deadpool foi uma espécie de refresco para o gênero saturado de histórias pasteurizadas de “filmes de heroi”, trazendo o heroi tagarela como retratado nos quadrinhos repleto de metalinguagem e irreverência. Com isso, a sequência que estreia no próximo dia 17 tinha a difícil missão de manter tudo isso vivo e inovar, algo que Deadpool 2 cumpre com maestria e excelência em todos os sentidos.

Subvertendo expectativas, o filme de David Leitch (John Wick) adota um tom mais sóbrio do que o original, sem contudo perder o charme e a irreverência do personagem interpretado por Ryan Reynolds. Na trama, Wade Wilson reaparece como o mercenário que exportou suas “boas ações” para o mundo, mas sua vida sofre (mais) uma reviravolta trágica que o coloca num curso introspectivo e ainda mais auto-destrutivo.

Seu caminho cruza o de Russell, um jovem mutante abusado em uma instituição para “pessoas especiais” e que, assim como Wade, está prestes a ingressar em um caminho sem volta, o que desperta Cable (vivido pelo ótimo Josh Brolin, o Thanos de Vingadores: Guerra Infinita). O filme também conta com sólidas performances no elenco de apoio, incluindo a divertida Domino de Zazie Beetz (Atlanta) e de Morena Baccarin (Gotham).

Engraçado como de costume em boa parte do tempo e cheio de referências internas e externas Deadpool 2 equilibra bem o humor escrachado e deliciosamente inconsequente com momentos mais carregados, notoriamente graças à direção de Leitch e o competente roteiro de seis mãos de Ryan Reynolds, Paul Wernick e Rhett Reese.

O longa também traz algumas surpresas que prefiro não revelar neste texto para mantê-lo livre de spoilers, mas que guardam relação com as (ótimas) motivações de Cable, uma parceria inusitada e o aparecimento de alguns personagens, digamos, “icônicos” do universo Marvel licenciado para a FOX (e não falo apenas de pontas).

Divertido desde a abertura ao estilo James Bond até as duas cenas durante os créditos (uma delas que arrancou aplausos da sessão de imprensa de tão catártica para os fãs), Deadpool 2 supera o primeiro longa por apresentar um terceiro ato sólido e emotivo, ao contrário de se entregar às convenções de gênero com um conflito “bem x mal” com batalhas épicas e feixes de luz no céu e explosões sem sentido, preferindo adotar um rumo bem mais interessante.

Ainda assim, mesmo mais “sério”, não há dúvidas de que Deadpool 2 mostra a evolução do personagem sem cair na armadilha de ficar emulando as piadinhas e situações que deram certo no filme de estreia.

Wade Wilson continua sendo um dos meus personagens favoritos dessa atual geração de herois.


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