sexta-feira, março 15 2024

[contém spoilers] Eu gosto muito de Westworld e acho que é uma série com um potencial incrível, mas tal potencial vinha sendo subaproveitado pelo roteiro. O capítulo anterior foi um grande filler e este Phase Space seguiu num ritmo mais lento até seus instantes finais. A temporada até duas semanas atrás estava irrepreensível, mas a boa sequência de excelentes episódios foi quebrada com a incursão no mundo japonês. Apesar do grande acontecimento ao final deste e de alguns outros momentos interessantes, este sexto capítulo poderia ter sido melhor.


Leia nossa entrevista com James Marsden, o Teddy de Westworld!


Está claro que toda a trama que se passa no Shogun World, ainda que ela venha a ter um significado maior lá na frente, não passa de uma forma que Jonathan Nolan e Lisa Joy usaram pra preencher tempo em tela. É lindo, mas não tem nada ali. O mesmo pode se dizer de boa parte da narrativa focada em Dolores e Teddy neste episódio, que está propositalmente sendo “atrasada” e contada em passos largos. Lento, repetitivo e cadente até demais, Phase Space até trouxe o aguardado reencontro de Maeve e sua filha, mas numa cena pouco emocional e reverencial, como mereceria. Isso falando de uma série que é 80% do tempo reverência, com diálogos codificados e muita pompa…

Tivemos aqui uma patente falta de clareza nos objetivos de todos. Até o gran finale, não tínhamos certeza absoluta se o jogo que William estava jogando era real ou delírios de sua cabeça perturbada de anos visitando os parques, como questionado por sua própria filha. A incursão de Maeve por Shogun World também foi um desvio grande do objetivo de reencontrar a filha e o mesmo pode ser dito de Dolores e o lenga lenga em Sweetwater. O que tivemos, então, foi um capítulo em que na maior parte do tempo os personagens apenas reagiam em vez de efetivamente agir.

Única exceção aqui tratou-se justamente do percurso de Bernard e Elsie, estes sim atrás de respostas para o que está ocorrendo, o que levou-os ao “Berço” do parque. Até mesmo Charlotte já havia cumprido sua missão, restando muito tempo pra ser preenchido com vai e vém de personagens e textos como “Eu consigo ver a mensagem, mas não o mensageiro“. Ora, John e Lisa, vocês já provaram diversas vezes que são melhores que isso.

Felizmente os instantes finais trouxeram aquilo que eu particularmente estava esperando e até pedi durante o episódio que ocorresse logo: a volta de Ford. Obviamente, como indica a mudança de razão de aspecto na trama, tudo aquilo que Bernard vivenciou (com Dolores no começo e em Westworld ao final) estava dentro do sistema da Delos, no qual o criador de tudo vive em código e está lá dando as cartas. Não chega a ser uma reviravolta do estilo “What door?” da primeira temporada, pois a volta de Ford era até mesmo necessária, mas representa um ponto de avanço importante na trama deste segundo ano.

Com isso, Westworld ganhou o fôlego necessário para entregar uma reta final de temporada com a competência esperada de uma produção premium e compensar os devaneios dos roteiristas nos dois últimos capítulos. Agora sim a série voltou a capturar nossa atenção.

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