quinta-feira, março 28 2024

Os últimos anos para a DC, na tentativa de estabelecer seu universo cinematográfico, têm sido atribulados. Se Mulher-Maravilha começou a colocar o selo nos trilhos após o enorme tropeço que foi Liga da Justiça (ainda acho o 3º ato do longa estrelado por Gal Gadot fraco e problemático), é com Aquaman que o caminho fica bem menos turvo. Eu nunca esperaria isso logo deste título, mas logo quando os créditos subiram respirei aliviado e feliz, por ter acabado de assistir a um ótimo filme de heroi.

Aquaman finalmente abandona a “Zacksnyderização” da DC com sua ambientação escura e carregada em prol de um filme ágil, divertido, colorido e que não tem medo de arriscar. Não é perfeito, longe disso, mas reiteradamente acerta onde seus antecessores erraram. Primeiro porque não gasta tempo de tela excessivo para contar a história de origem de Arthur Curry (vivido com intensidade e carisma por Jason Momoa, de Game of Thrones, um ator no máximo mediano). Quando o faz, não concentra esta parte da trama no início da narrativa como usual, e utiliza flashbacks e elipses para apresentar os momentos importantes para os não-iniciados nos quadrinhos conhecerem as motivações e a história pregressa daquele personagem.

Aliás, diferente do Arthur que vimos em Liga da Justiça, aqui o herói parece bem mais à vontade e confiante, assim como a ótima Mera (Amber Heard), que contrapõe a dureza e brutalidade estúpida do heroi com inteligência. Na história, somos apresentados ao personagem-título e sua ligação maternal com o reino de Atlântida. Sendo um bastardo filho de um homem com uma Atlantiana (?), a rainha Atlanna (Nicole Kidman), há uma rixa patente entre Curry e seu irmão das profundezas sobre quem é o verdadeiro e digno herdeiro do trono dos 7 mares. Obviamente, este embate desencadeia uma guerra submarina prestes a emergir com toda a fúria das profundezas. .E por falar nos 7 mares, é interessantíssimo como os seres e o habitar de cada um destes grupos são distintos e ousados em termos estéticos.

Obviamente o longa possui problemas recorrentes de filmes do gênero, principalmente pelo roteiro por vezes demasiadamente expositivo e repetitivo (muito por conta do personagem Vulko, de Willem Dafoe), o que não se torna grave graças à direção certeira e focada de James Waan (Invocação do Mal). Criando vários “filmes” dentro de um, o diretor conduz cenas de ação com eficiência ímpar – sempre permitindo o entendimento da complicada geografia dos embates (e da física envolvida nos poderes subaquáticos dos personagens) – com destaque para uma primorosa, longa e eletrizante sequência de perseguição em uma cidadezinha no interior da Itália.

Mas o melhor de Aquaman e que o coloca à frente de diversos títulos de herói, inclusive vários da Marvel, são os dois ótimos antagonistas (Arraia Negra e Orm) e um terceiro ato sólido, conclusivo e condizente com o restante do longa, fora a quantidade absurda de fan service que animará todos os cinemas onde for exibido. 

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