quarta-feira, março 13 2024

Uau. Esse é o sentimento que tive logo que os créditos de Homem-Aranha no Aranhaverso subiram na tela. “Dona” do herói licenciado pela Marvel, a Sony aprendeu com os erros de O Espetacular Homem-Aranha 1 e2 e redefiniu a jornada cinematográfica do herói após a bem-sucedida trilogia dos anos 2000. Primeiro, claro, ao fechar um acordo com a Disney para integrar Homem-Aranha de Volta ao Lar no gigantesco MCU e, segundo, com esta ambiciosa animação da Sony Pictures Animation que amplia ainda mais o universo do teioso.

E não é qualquer animação. Arrisco a me dizer que, visualmente, não há nada que se compare a Aranhaverso em termos de técnica, ou combinação de técnicas em prol de um mesmo e impressionante resultado. Além da óbvia animação computadorizada, temos animação tradicional, animação 2D, stop-motion de cut-outs, todas elas muito bem trabalhadas de forma individual e coletiva para criar sequências e planos absurdamente maravilhosos e que casam perfeitamente com a “lógica” dos quadrinhos (às vezes até utilizando balões e onomatopeias).

Num mundo onde o Homem-Aranha de Peter Parker é um herói estabelecido há uma década, nos deparamos com Miles Morales, uma das incarnações do herói nas HQs (e não à toa o filme se gaba logo no início através de uma espécie de “selo de autenticidade” de autoridades do ramo), que se torna um novo Homem-Aranha e testemunha a morte do “original” nas mãos de um poderoso e inescrupoloso Wilson Fisk (sim, o Rei do Crime visto em Demolidor). O algoz, por sua vez, está tentando abrir um portal para outra dimensão e salvar sua amada Vanessa, morta num acidente na atual realidade. A trama parece complexa, mas em nenhum momento confusa. 

Isso traz consequências extraordinárias e um multiverso com várias “versões” inusitadas do Homem-Aranha para o espectador não iniciado nas HQs, incluindo a Gwen Stacy Aranha, Pena Parker, Homem-Aranha Noir e o divertidíssimo “Spider-Ham”. Mas todo o deslumbre visual que o filme tem não seria suficiente sem uma história interessante à altura, o que não é o caso, graças ao texto divertido, afiado e conciso de Phil Lord (Lego Movie) e Rodney Rothman (Anjos da Lei 2), que não apenas explora muito bem todas as nuances do “Aranhaverso”, como insere uma carga gritante de referência e auto-referências, algumas delas fazendo até mea-culpa com os deslizes progressos da multimilionária franquia.

Não seria muito ousado, inclusive, dizer que este é o melhor exemplar de Homem-Aranha nos cinemas. Obviamente que, por ser animado, suas possibilidades artísticas são infinitamente maiores, desde a “construção” de cenários enormes e inimagináveis numa versão “live-action” (como o acelerador de partículas de Fisk), ou até mesmo a física em si do filme, que é única.

Fato é que Homem-Aranha no Aranhaverso é um verdadeiro presente para os fãs que por anos e devido a burocracia contratual precisou ver o tão querido herói em exemplares que não faziam jus à sua grandiosidade, algo que com este é plenamente alcançado em toda a sua glória. Que filmaço!

O filme estreia dia 10 de janeiro nos cinemas brasileiros.

Deixe um comentário