sexta-feira, abril 19 2024

Aqui estamos na reta final. Após sete temporadas, Game of Thrones aproxima -se do seu fim, tendo encerrado a maioria de suas tramas secundárias (alguns de maneira satisfatória, outros de maneira desajeitada), reunido quase todos os seus núcleos e se concentrando na batalha final contra os White Walkers e o confronto pelo Trono de Ferro. Assim, considerando que faltam apenas cinco episódios para o fim, é surpreendente que o episódio Winterfell, dirigido por David Nutter e escrito por Dave Hill, decida ser no mesmo estilo dos inícios de temporada anteriores: limitando-se a fazer uma recapitulação da atual situação de cada personagem e preparando as peças do tabuleiro.

É admirável que o episódio gaste tempo nas reuniões de personagens que não se viam há anos ou que não se conheciam, mas, ao mesmo tempo, fica a questão se os roteiristas terão tempo para encerrar a historia de uma maneira que não soe apressada. A chegada de Daenerys em Winterfell claramente remete à chegada de Robert Baratheon no mesmo local, com direito a um menino órfão escalando os muros da mesma maneira como o jovem Bran fazia (e Ramin Djawadi faz questão de complementar as muitas rimas narrativas com a sua bela trilha).

Tivemos o emocionante reencontro de Jon com os seus irmãos e também com Sam, que lhe revela a verdade sobre a sua paternidade (que bom que não enrolaram com isso como era temido); o reencontro de Arya com seus dois antigos companheiros de viagem, Gendry e o Cão; Sansa reencontrando seu marido Tyrion, que mostra o quanto a personagem mudou no decorrer dos anos (“Muitos te subestimaram e a maioria deles está morta”)… A cena mais dramática foi, contudo, Daenerys revelando a Sam sobre as execuções de seu pai e seu irmão. John Bradley não é um ator particularmente notável, apesar de carismático, mas aqui ele surpreendeu ao demonstrar toda a sua confusão e dor com a notícia da morte do pai que tanto temia e o irmão ao qual nunca desejou mal algum.

Porém, há ainda alguns momento onde é possível questionar o que os roteiristas estão planejando fazer: é sempre um prazer ver o show de atuação de Lena Headey, mas qual a necessidade de manter Cersei viva quando temos uma urgência muito maior com a guerra contra os mortos? O mesmo pode-se dizer sobre Bronn, ao passo que a trama dos irmãos Greyjoys acaba se encerrando de maneira mais fácil do que esperado (dito isso, com a missão de Bronn de assassinar seus antigos chefes Tyrion e Jaime e a decisão de Theon de ajudar os Starks em Winterfell, fica difícil não prever um arco de redenção que culminará nas mortes de ambos).

Tivemos também o momento mais visualmente impressionante do episódio com Jon Snow montando um dragão ao lado de Daenerys, que foi tecnicamente impecável, mas sem o impacto esperado, ainda mais precedido de momentos de humor envolvendo os dragões que simplesmente não se encaixam no atual estado das coisas. Ademais, seria muito mais eficiente se o momento ocorresse após Jon descobrir a verdade sobre seus pais, recebendo assim a confirmação final de seu sangue Targaryen (segundo os showrunners, apenas os Targaryens podem montar dragões). Os diálogos nível CW dessa cena também não colaboraram para o resultado final.

No geral, um primeiro episódio sólido, encerrando-se com um bom cliffhanger do pesado reencontro de Jaime Lannister com a sua vítima Bran. Os personagens apenas descobriram informações que nós já sabíamos, e considerando que a batalha contra os White Walkers ocorrerá no episódio 3 (dirigido pelo ótimo Miguel Sapochnik), é de se supor que o episódio 2, também comandado por Nutter, se limitará a mostrar a chegada dos últimos combatentes (Theon, Bronn, Beric, Tormund e Edd) e os preparativos finais para a guerra. Vamos torcer para que os cinco últimos episódios finais de Game of Thrones façam jus aos seus melhores momentos.