quinta-feira, março 28 2024

Austin, 5 da manhã. O despertador tocou cedo e, a convite do canal AMC, eu e um grupo de jornalistas embarcamos para o interior do Texas para um dia que eu jamais poderia antever, de tão intenso, diferente e completamente insano. Na pauta: conferir em primeira mo as gravações da parte 2 da 5ª temporada de Fear the Walking Dead – que está em exibição toda segunda às 23h30 – e conversar com os atores. Foi uma experiência inigualável.

Roadshow

Eu já fiz a minha cota de set visits nesses 15 anos cobrindo séries e TV, mas posso garantir que NENHUM chega aos pés da grandiosidade que foi conferir as gravações de Fear the Walking Dead. Já fui a estúdios da Marvel, Disney, Sony, FOX, HBO, Netflix… A diferença, aqui, é que o drama zumbi não gravado em estúdios, mas sim quase que inteiramente na estrada.

Isso se dá pela própria característica itinerante da narrativa que, ao contrário da sua irmã The Walking Dead, está em constante movimento. Já foi de Los Angeles para o México e, agora, percorre o interior do Texas. Isso faz com que um aparato enorme tenha que ser montado na locação: não falo apenas dos cenários em si (geralmente estruturas e localidades quase que intocadas), mas sim da quantidade de caminhões, tendas, barracas, banheiros portáteis e equipamentos espalhados no meio de uma fazenda que, por sua vez, estava literalmente no meio do nada.

Café com Walkers

Logo de cara, o maior choque – e o que te imediatamente te teletransporta para um outro universo -é chegar e dar de cara com uma infinidade de dublês totalmente caracterizados como walkers: não apenas roupas e máscaras, mas também maquiagem pesada. Conversando com alguns deles, descobrimos que, por conta do tempo gasto, eles geralmente são os primeiros a chegar nos trailers, ainda no meio da noite.

Assim, é surreal andar pelos bastidores, sentar no restaurante (também montado em uma tenda) e testemunhar as verdadeiras criaturas que assombram Alicia, Viktor, Morgan, Althea e cia. simplesmente sentados calmamente tomando um café, comendo uma banana e mexendo no celular. É uma sensação de estranheza que nunca vai embora e imagino ser difícil acostumar com a cena. Passei parte do dia maravilhado com aquela situação.

Exploses e efeitos prticos

Engana-se quem acha que o universo de The Walking Dead é todo feito em pós-produo: há muitos, mas muitos efeitos práticos ocorrendo já durante as gravações. Em uma determinada cena, acompanhávamos a ação de Morgan (James) e Althea (Maggie Grace, de LOST) na frente da sede da fazenda e, para a nossa surpresa, quando o diretor gritou ação, diversas cargas enterradas no chão espalharam terra e partes de zumbi a mais de 20 metros no ar enquanto o próprio ator Lennie James (sem dublê) desviava dos destroços.

Foi algo impressionante de se ver, especialmente porque eles conseguiram fazer tudo em apenas um único take e as repetições foram apenas para pegar a ação por ângulos diferentes, com um rápido trabalho de recomposição até mesmo do solo. Aliás, todos os tiros que vimos na série também são práticos – com armas de festim, claro – e, o que mais me chamou atenção, foram as facas de borracha para acertar os walkers que, estas sim, são substituídas digitalmente em pós para dar o efeito de penetração na pele dos mortos e sangue escuro.

Esta foi a cena que eu assisti (eu estava logo atrás da cerca da fazenda com a produtora enquanto pedaços de walkers voavam sobre a minha cabeça):

Show à parte foi testemunhar o ator Lennie James (Morgan) com sua incrível habilidade com o bastão, e também a presença em cena vigorosa de Alycia Debnam-Carey (Alicia) em suas sequências nas demais cenas que acompanhamos.

On the Go

Todo o trabalho da produção de Fear the Walking Dead é extremamente coordenado e as cenas são gravadas com eficiência: sem o controle de luz e clima de um estúdio, tanto o diretor quanto assistentes e atores estão sempre mercê de elementos naturais e também das limitações do dia. Essa provavelmente é a maior diferença que vi deste para outros sets que visitei.

Em vez de longas pausas entre uma cena e outra, tudo é filmado quase que em sequência e sem tempo a perder, afinal toda a estrutura que está ali precisar rapidamente ser recolhida, transportada e montada na próxima locação. Foi um dia cansativo, mas muito interessante em todos os sentidos, evidenciando que a produção da AMC no poupa tempo, dinheiro e esforços para levar ao ar cada episódio desta agitada atração.

Na próxima reportagem de minha visita ao Texas contarei como foram as entrevistas com o super elenco de Fear the Walking Dead. Fique LIGADO!