sábado, maio 4 2024

E o dia da grande luta chegou. Não foi fácil esperar duas semanas para ver Oberyn enfrentar a Montanha (ficamos uma semana sem Game of Thrones devido ao Memorial Day), até porque dessa luta dependia o destino de um dos personagens mais queridos da série, Tyrion Lannister.

The Mountain And The Viper, escrito por David Benioff e D.B. Weiss e dirigido por Alex Graves, teve seus altos e baixos. Começou com bastante ação em uma longa e dinâmica cena que mostrou mais um ataque dos selvagens, dessa vez à Vila Toupeira, onde se encontrava Gilly com o seu filho. Ela acaba sendo poupada por Ygritte, mas, no Castelo Negro, Sam está certo de que o destino dela foi o mesmo de todos os outros – a morte. Seus irmãos da Patrulha o tranquilizam, mas o clima é sombrio na Muralha, pois todos percebem que Mance Rayder está cada vez mais próximo e a batalha é iminente.

É um fato curioso: quando sabemos que um grande evento vai acontecer em um episódio (provavelmente só na última parte), muitas vezes não conseguimos evitar de achar alguns trechos meros fillers, o que aumenta nosso nervosismo, impaciência e dá a sensação de que o episódio está se desenrolando de forma mais lenta do que deveria. O momento que melhor exemplifica isso é aquele que envolve Verme Cinzento e Missandei, que a meu ver só ocupou espaço neste bom episódio.

Por outro lado, um dos plots mais importantes em The Mountain And The Viper foi aquele envolvendo Forte do Pavor. Chegou a hora de Reek voltar a ser Theon Greyjoy temporariamente para conquistar Fosso Cailin para os Bolton. Como era de se esperar, Alfie Allen está tendo a chance de mostrar o seu talento nas nuances de sua atuação sempre que Reek/Theon é questionado sobre sua identidade ou relembrado sobre as torturas que sofreu. O plano de Ramsey tem sucesso e a ameaça do Forte do Pavor está aumentando, como podemos ver pelos novos territórios conquistados – com controle agora sobre o norte, um exército que cresce e Ramsey deixando de ser bastardo para ser legitimado como um Bolton pelo pai. Isso pode tanto acalmar quanto inflamar ainda mais este sádico personagem – o que não seria nada bom.

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Mas em The Mountain And The Viper, não é apenas Tyrion que vai passar por um julgamento. No Ninho da Águia, Littlefinger também enfrenta o seu, já que a alegação de que Lysa se suicidou não parece muito plausível. Quem o inocenta de qualquer desconfiança e reforça a percepção de que Lysa foi tomada pela loucura e ciúme foi Sansa, que compreendeu que ter Littlefinger como inimigo – assim como apostar em pessoas que mal conhece – não seria uma boa ideia. E foi assim que finalmente vimos Sansa crescer e entrar no jogo, aparentemente deixando a posição de vítima para trás – o que foi traduzido muito bem no episódio em sua nova roupa, postura, expressão, jeito de falar e até no uso da luz.

O outro julgamento, bem mais duro, acontece em Meereen. O perdão real dado a Jorah parou nas mãos de Barristan e Daenerys enfim descobre que ele já a espionou, fornecendo informações a Varys. E se a Khaleesi costuma ser implacável até com quem não tem a menor ligação, certamente esta traição não vai ter um final feliz. Jorah implora, sem sucesso, e é expulso da cidade. A rejeição foi explorada em todos os detalhes da cena, desde ele ser obrigado a permanecer longe e em um degrau inferior até a recusa dela em manter contato visual. E, mais uma vez, Jorah se vê obrigado a encarar o exílio.

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Mas como nem tudo pode ser escuridão, em uma das mais divertidas cenas de toda a série, Cão de Caça e Arya chegam aos limites do Ninho da Águia e são recebidos com a notícia da morte de Lysa, ocorrida três dias atrás. Isso desencadeia um delicioso ataque de riso em Arya, tanto pela diversão de ver que Cão de Caça não vai conseguir receber sua recompensa quanto pela falta de alternativas frente a mais uma desgraça na família e toda sua viagem ter dado em nada. O lado bom é que, a menos que ela se reencontre com a irmã que também está no mesmo local (o que é improvável, pois estamos falando de Game of Thrones), ainda vamos ver mais dessa maravilhosa dupla, que possui uma ótima química e oferece, através do belo desempenho de ambos os atores, uma das relações mais complexas e interessantes da série.

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Mas chegou a hora de falar do grande julgamento do episódio, aquele que todos aguardavam: o julgamento por combate de Tyrion. Um dos maiores méritos de Game of Thrones é o seu roteiro e a capacidade de David Benioff e D.B. Weiss, inspirados por George R.R. Martin, construírem diálogos para a série que mesmo quando parecem estranhos ou fora de lugar mostram mais adiante a sua conexão com o enredo. É o caso do momento em que Tyrion aguarda em sua cela, conversando com seu irmão Jaime, e se lembra de um primo mentalmente incapacitado que tinha o hábito de esmagar insetos, revelando também sua obsessão em descobrir o motivo que o levava a fazer isso. Se o diálogo por um lado foi um pouco longo demais (ou foi apenas a minha ansiedade em chegar logo até a luta?), por outro antecipou de forma metafórica o que estava para acontecer.

Quanto à luta propriamente dita, foi exatamente como os vídeos de bastidores, produtores e executivos da série adiantaram: muito bem orquestrada e coreografada, evidenciando toda a dedicação do ator Pedro Pascal em encarnar o ágil e mortal Víbora Vermelha. A sequência rendeu belas cenas, cenário, momentos tensos, típicas piadas de Tyrion, um momento apaixonado entre Oberyn e Ellaria e sorrisos de Jaime com o desempenho do Martell – em contraponto aos semblantes carrancudos de Tywin e Cersei. Mas, é Game of Thrones. E em Game of Thrones a felicidade dura pouco.

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Oberyn conseguiu desferir golpes mortais na Montanha, mas estava determinado a extrair dele uma confissão sobre quem deu a ordem para matar sua irmã e os filhos dela. Isso o levou a um erro. Um erro fatal. A Montanha se reergueu e nos presenteou com uma das mais terríveis mortes já vistas na série, esmagando a cabeça de Oberyn com as mãos. Uma imagem – e gritos – que não esqueceremos tão cedo (palmas para a pós-produção). Como se não bastasse, a derrota de Oberyn sentenciou Tyrion à morte, encerrando assim o episódio da pior maneira possível – mas ao mesmo tempo nos proporcionando uma experiência televisiva única.

Estamos na reta final da temporada, com apenas mais dois episódios pela frente. Se já sofremos tanto assim antes do nono, reconhecido por ser sempre o mais bombástico, é bom a gente ir se preparando.

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